sexta-feira, 19 de setembro de 2014

NISSAN NEW MARCH 1.6 S - AVALIAÇÃO



Um carro completo é aquele que possui todos os equipamentos disponíveis para aquele modelo, certo? Errado. Pelo menos para o mercado, que deixou de pensar assim há algum tempo. São comuns hoje ofertas de carros "completos", "completões" e "completíssimos", e vendedores que tentam nos convencer de que este é ótimo, mas aquele ali é ainda melhor.


Com o New March a Nissan pareceu usar a mesma estratégia. Nenhuma versão é "basicona": desde a 1.0 Conforto o compacto conta com ar condicionado, direção elétrica, computador de bordo e os obrigatórios airbag e ABS. A versão S, primeira disponível para o motor 1.6, agrega vidros elétricos nas 4 portas com one-touch para o do motorista, travas elétricas com comandos na chave e retrovisores elétricos. "Completo", pela visão do mercado. Interessante é que a unidade testada, numa iniciativa pouco comum, veio com vários equipamentos de concessionária: sensor de estacionamento traseiro, sistema de áudio Kenwood e alarme com módulo de levantamento de vidros. De completo, o New March 1.6 S se tornou "completão".



Mas nem sempre o "ão" significa "melhor". O sensor de estacionamento emitia um "bip" estridente a ponto de fazer o motorista querer parar sempre de frente. O sistema de áudio, além de comandos pouco intuitivos, tinha um display que mudava de cor sem parar, cansando a vista. Por fim o módulo de levantamento de vidros, ao mesmo tempo que adicionava o one-touch nas 4 portas, fazia isso com extrema sensibilidade e sem precisão, obrigando o motorista a tentar várias vezes até encontrar o ponto certo de abertura de vidros sem fechá-los ou abri-los completamente. Isso, sem contar com o defeito que fazia o vidro traseiro esquerdo subir e descer sem parar caso o alarme fosse acionado com os 4 vidros abertos, ciclo somente interrompido ao se ligar a bateria pela chave e pressionar o botão correspondente na porta do motorista.




O que é de série funcionou muito bem. O ar condicionado analógico refresca a cabine em pouco tempo e a direção elétrica progressiva, que tem coluna ajustável em altura, consegue ser extremamente leve em manobras e pesada na medida em velocidade. As informações do computador de bordo, apesar do visor de pequenas dimensões, são facilmente acessadas por um único botão no painel. O sistema ABS funciona a contento e pára o New March, que é levinho, em espaços bem curtos. A estrela do compacto, porém, é o motor.



Justamente por ser leve (964 kg), o New March é esperto como poucos em sua categoria. O motor 1.6 16v flex, bem suave em funcionamento, desenvolve 111 cv e 15,1 kgfm de torque com etanol ou gasolina, tanto faz, e assegura, segundo a fábrica, uma aceleração de 0 a 100 km/h em 9,49 segundos, o que não é difícil duvidar - e esse é seu lado bom. O ruim é que, nesta versão, há pouco revestimento acústico: o ruído do propulsor invade a cabine sem dó em qualquer rotação e, sério, tira a paz. Pelo menos ele bebe pouco; a Nissan divulga consumo médio de 8,7 km/l de etanol, exatamente o que conseguimos na média tanque-a-tanque em percursos alternando cidade e estrada (considerando ainda o pé pesado deste que vos escreve). O câmbio manual de 5 marchas permite trocas suaves em condução normal, mas se exigida a transmissão se torna um pouco borrachenta. As retomadas são vigorosas e as curvas agora são feitas com mais firmeza, graças à adoção dos amortecedores do sedã Versa. Good boy.




A vida a bordo está na média. O acabamento e os encaixes melhoraram em relação ao March antigo, mas ainda há falhas como o desnível da tampa do porta-luvas, quando fechada, em relação à moldura do painel. O layout da seção central do painel foi revisto, com novas saídas de ar e moldura de instrumentos imitando alumínio. O espaço interno é adequado para a sua categoria. São 2,45 de entre-eixos, menos que o de alguns concorrentes como o HB20 e o Onix, mas não há aperto para 4 ocupantes. Teto alto e boa área envidraçada ampliam a sensação de espaço. O porta-malas, por outro lado, comporta somente 265 litros e é apenas suficiente para viagens curtas.



Por fora a Nissan conseguiu modernizar o New March sem revolucionar nada. Bonita mesmo ficou a versão de topo SL; as rodas de aro 16 com acabamento diamantado e os cromados combinaram bem com as linhas arredondadas e o perfil alto do carro. Mas o 1.6 S avaliado também ganhou a nova frente, elegante e mais moderna, e ainda que as lanternas traseiras continuem "flutuando" na carroceria e não tenham recebido nada além de uma nova disposição de luzes, o desenho não desagrada. Na lateral, além das novas calotas da versão, nada mudou.



Com preço sugerido de R$ 37.490,00 o Nissan New March 1.6 S custa menos que concorrentes como o HB20, o Novo Fox e o Novo Sandero em suas versões de entrada com motor 1.6. Equipado como a unidade avaliada, o valor sobe para R$ 39.740,00. Por preço semelhante chega a versão SV, que custa R$ 39.990,00 e, apesar de não ter sensor de estacionamento nem alarme, traz um sistema de som bem mais completo, com CD/MP3 player, entradas auxiliares, conexão Bluetooth, streaming de áudio e comandos no volante, além de faróis de neblina com moldura cromada e rodas de liga leve com aro 15.



É questão de gosto e praticidade. Ou de encontrar acessórios no paralelo que funcionem bem. Aqui, o Nissan New March 1.6 S poderia ter se saído melhor se viesse apenas com os equipamentos de fábrica. É um bom produto, adequado para quem quer agilidade no trânsito com o mínimo de dignidade e sem frufruzice.

Um comentário:

  1. Boa tarde, estou vendo em vários lugares comentando sobre o barulho que o vento causa no interior do March. Isso não tem como arrumar? Levar em algum lugar, eles não conseguem isolar o barulho?

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