sexta-feira, 17 de abril de 2015

CHEVROLET TRAILBLAZER LTZ 3.6 V6 SIDI - AVALIAÇÃO



SUV é a sigla da moda e o alvoroço está em torno dos compactos; muita gente quer um. Mas há uma estirpe de SUVs a que pouca gente tem acesso, seja por questões práticas, como as dimensões inapropriadas para rodar no dia-a-dia, ou financeiras, seja o alto custo de compra ou o alto consumo de combustível. Quem não sofre com tais dilemas e consegue pôr na garagem um desses pode se considerar uma pessoa muito bem-aventurada.




É o caso da gigantesca Chevrolet Trailblazer. A versão que avaliamos tem poucos concorrentes no mercado tanto pelo preço (R$ 156.650,00 sugerido) quanto pela configuração em si: motor 3.6 V6 com injeção direta a gasolina, 277 cv e 35,7 kgfm de torque a 3.700 rpm, tração 4x4 com reduzida e câmbio automático sequencial de 6 marchas. Alinham-se a ela a Mitsubishi Pajero Dakar Flex, mais barata e com mesmo perfil de carroceria, tração e motor, mas menos potente e menos equipada, e a Hyundai Santa Fe 7 lugares, com preço, potência e nível de equipamentos semelhante, mas perfil de crossover, menos espaço interno e capacidade off-road limitada.


Quem vai na terceira fileira tem espaço suficiente, mas acesso difícil...

...enquanto quem vai na segunda fileira viaja de encostos reclinados e pode até cruzar as pernas

A Trail, porém, é bem maior que suas concorrentes; conforto é o seu nome. São 4,88 m de comprimento, 1,90 m de largura, 1,85 m de altura e 2,85 m de entre-eixos disponíveis para acomodar com conforto 7 adultos. Mesmo a terceira fileira de bancos tem espaço suficiente para as pernas, sem falar para cabeça e ombros. O acesso é um pouco difícil pelo fato de o veículo ser alto, mas não é dos piores porque encosto e assento se levantam totalmente para liberar a passagem. E se quem vai lá no fundo não passa aperto, menos ainda os ocupantes da fileira do meio, que podem reclinar o encosto e até cruzar as pernas se quiserem, e da frente, que contam com bancos largos, com ajustes elétricos para o motorista, e apoio de braço central.


Viaje com todo mundo e pouca bagagem...

...ou deixe 2 e ganhe muito espaço para a bagagem...

...ou leve só mais um para ajudar na mudança

Como conforto não é só espaço, a Trailblazer permite que todos viajem sem passar calor nem sede. O ar condicionado digital é eficiente e há saídas com graduação independente para as fileiras do meio e do fundo. Há ainda 8 porta-copos, sendo 2 escamoteáveis à frente das saídas laterais do ar-condicionado (para manter a bebida fresquinha), mais 4 porta-garrafas, 1 em cada porta. Porta-objetos também sobram: nas portas, no apoio de braços dianteiro, entre os bancos da última fileira, o porta-luvas e ainda bolsas nos assentos e nas costas dos bancos dianteiros. Dá pra pôr revista, brinquedo, tablet e o que mais a família quiser pra se entreter. Se quiser levar bagagem é só deixar 2 em casa e aproveitar os 878 litros de capacidade do porta-malas. Se todo mundo for o espaço cai para 205 litros, mas há uma caixa organizadora para ajudar. E para fazer uma pequena mudança, rebata todos os bancos e conte com 1.830 litros no compartimento.



Se quiserem ouvir música a trilha da viagem vai ser executada com ótima qualidade sonora na Trailblazer. O sistema multimídia MyLink permite equalizar o som com configurações pré-definidas ou de forma pessoal e o distribui na cabine por meio de 4 alto-falantes, 2 tweeters, 2 exciters e 1 amplificador. É possível parear o celular e reproduzir músicas armazenadas no aparelho, utilizar uma das entradas (auxiliar ou USB) ou reproduzir CDs ou DVDs na tela touch-screen de 7 polegadas, que mostra ainda as informações do GPS. E para facilitar o acesso às funções há comandos no volante, que é revestido em couro e conta com ajuste de altura da coluna de direção.


Bancos dianteiros são largos e confortáveis

Falando em viagem, é impossível não ressaltar o conforto de rodagem deste Chevrolet. Na suspensão dianteira a marca incluiu novas buchas, molas e amortecedores mais firmes para equilibrar o conjunto e melhorar a dirigibilidade, e a suspensão traseira multilink trata de manter os sacolejos sob controle - palavra de quem foi lá na última fileira. A direção tem comportamento interessante, mais direto do que na S10, de quem deriva, mas sem fugir à vocação familiar, com reações contidas para não incomodar quem vai junto.



A Trailblazer, aliás, não é um carro explosivo. Se for dirigida sem pressa o motor vai trabalhar de forma suave e linear, com acelerações graduais e trocas de marcha imperceptíveis. O revestimento acústico reforçado nesta versão trata de manter o barulho lá fora; há muito silêncio a bordo. Mas não pense que ela é fraca; cutuque o acelerador com um pouco mais de decisão e os 277 cv embaixo do capô vão fazê-la saltar à frente com um urro de dar gosto. Segundo o que constatamos em tomadas não-oficiais medidas apenas com cronômetro, essa força a torna capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em menos de 10 segundos. Só não queira brincar de carro esportivo, porque com 2.087 kg de peso e centro de gravidade alto não há física que se anule.



Esta mesma força é suficiente para fazê-la superar obstáculos no off-road com destreza incomum para um carro de seu porte. Como desta vez não houve nenhum carro para desatolar (como fizemos com a S10 4x4) e a ausência de chuvas no período da avaliação secou as estradas de terra da região, experimentamos o 4x4 numa rampa de terra perto da redação que nenhum carro com tração somente dianteira ou traseira se atreve a enfrentar. Para descer bastou acionar o botão de controle de descida à frente da alavanca de câmbio e ele mesmo se encarregou de segurar as mais de 2 toneladas até embaixo. Para subir, abusamos um pouco e tentamos só com tração traseira, sem sucesso. Viramos o botão para 4x4 High e ela subiu, mas notamos algum esforço do câmbio. Descemos novamente, viramos para 4x4 Low e ela nem fez menção da ladeira. Bruta.


Porta-copos junto à saída do ar condicionado

Saídas e controles independentes do ar condicionado, mais luzes de leitura para todas as fileiras de bancos

Colocar a Chevrolet Trailblazer para escalar paredes nos fez pensar em segurança. Vamos lá: todos viajam com cintos de segurança de 3 pontos e apoios reguláveis de cabeça. Na fileira do meio é possível prender cadeirinhas infantis via Isofix. Há travas elétricas com acionamento pela chave-canivete e alarme com módulo de levantamento para todos os vidros. Os freios são a disco nas 4 rodas e contam com ABS, distribuição eletrônica de frenagem (EBD) e auxílio à frenagem de emergência (BAS). Para ruas inclinadas há controle de descida e assistente de partida em rampas, e para melhorar a aderência em curvas há controle de tração (TCS) e estabilidade (ESP). Os faróis são elipsoidais e contam com ajuste de altura. Finalmente, contei 12 (!) airbags na cabine da Trail, sendo 2 frontais, 2 laterais nos bancos dianteiros e 1 em cada uma das 8 colunas, abrangendo os ocupantes de todas as fileiras de bancos.



Você tem, então, um carro enorme, potente, seguro e muito bem equipado. Pra tudo na vida há um custo, e na Trailblazer você paga uma boa parte com gasolina. Do consumo na estrada até que não se pode reclamar, com o computador de bordo chegando a marcar 9,3 km/l com 7 ocupantes a bordo - mérito do sistema de injeção direta e da nova programação do câmbio. Mas na cidade ela não conseguiu andar mais do que 5,8 km com cada litro de gasolina, o que faria o proprietário gastar mais de R$ 242 para encher o tanque de 76 litros a cada 440 km. Não que isso seja prioridade para quem compra um carro deste porte e preço com motor de 6 cilindros, claro.

Tantos equipamentos disponíveis e falta sensor de chuva e luminosidade. Carros mais baratos da Chevrolet têm e é imperdoável que a Trailblazer não tenha. Outra coisa que poderia melhorar é a qualidade do acabamento do painel. A aparência é boa e a montagem também, convenhamos, mas você entra, encontra bancos e parte das portas revestidas com couro bonito e de boa qualidade, em 2 tons, e quando vai sentir o painel só encontra plástico. Desses poucos defeitos, porém, a Trailblazer se redime com um custo de seguro bastante aceitável em relação ao seu preço de compra. Na região de Valinhos a apólice mais em conta (Porto Seguro) ficou em R$ 3.697,00 com franquia de R$ 6.818,00.



Depois de tudo, na tentativa de encontrar uma só palavra para definir a Chevrolet Trailblazer, o termo "superlativa" ficava ecoando na minha cabeça, mas ele me pareceu formal demais. Pensei em "versátil", mas soou clichê demais. Passei entre "família" - que não faz jus a todas as suas qualidades - e "extravagante" - que soa injusto por excesso. Justo seria, então, juntar todos. Ela é família, versátil, às vezes extravagante. E, justamente por isso, superlativa. Com ou sem formalidade.

Um comentário:

  1. sou proprietario de uma, estou satisfeito com o veiculo excelente

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