sexta-feira, 3 de abril de 2015

RENEGADE, O ABRE-ALAS


ALTA RODA, Fernando Calmon


Íntegro. Se fosse o caso de usar uma só palavra para definir o Jeep Renegade, esta é sob medida. Adjetivo de largo espectro cobre desde sua fidelidade ao estilo e conceitos da marca até sensação verdadeira de robustez quando se exige dele fora de estrada. Surpreende ainda o acabamento interno e a longa lista de equipamentos e opções inéditas.


Trata-se do primeiro SUV a diesel abaixo da barreira simbólica de R$ 100.000 (exatos R$ 99.900) com tração 4x4 não permanente, bloqueio central do diferencial, modo virtual de reduzida e caixa de câmbio automática de nove marchas. Suspensão independente nas quatro rodas, freio de estacionamento elétrico e controle de trajetória (ESC) compõem itens de série. Entre os opcionais se destacam o inédito (entre carros nacionais) sistema de assistência eletrônica para estacionar e dois tetos solares de compósito de fibra de vidro (o dianteiro, elétrico) destacáveis para guardar no porta-
malas.

Em termos de segurança, o Renegade deverá obter nota máxima porque estruturalmente é igual ao produzido na Itália. Aqui pode ter também até sete bolsas de ar. Apesar de produzido em uma fábrica inteiramente nova, em Goiana (PE), com investimentos pesados, longe de alguns fornecedores e ainda à espera de investimentos atrasados em infraestrutura, o utilitário esporte compacto da Jeep tem preços bastante competitivos, em especial frente ao EcoSport e ao recém-lançado HR-V.

O preço inicial de 69.900 na versão Sport já o coloca em posição privilegiada e dentro de dois meses terá versão despojada por R$ 66.900. A intermediária Longitude, de tração dianteira como a primeira, custa R$ 80.900 e traz câmbio automático de seis marchas. Todos os modelos a diesel nesse segmento, por legislação, devem ter tração nas quatro rodas, o que encarece bastante, além de não se encontrar combustível S-10 em todos os postos. No outro extremo se coloca a Trailhawk (2 L, 170 cv e impressionantes 35,7 kgfm) por R$ 116.900 que deve ter participação quase simbólica.

Cerca de 80% das vendas serão mesmo com motor flex de 1,75 L que manteve potência de 132 cv, mas teve ligeiro aumento de torque para bons 19,1 kgfm e em giro mais baixo. Em torno de metade do mix inicial está previsto com câmbio automático e aí começam alguns pontos fracos. Pela robustez do projeto este SUV pesa 1.432 kg e suas acelerações são relativamente modestas. Fábrica informa 0 a 100 km/h em 11,5 s, mas dá a impressão de ficar acima de 13 s (câmbio manual o deixa mais ágil).

Versão a diesel, com 250 kg extras em razão do motor, sistema de tração e equipamentos, acelera de 0 a 100 km/h em 9,9 s (segundo o fabricante). Porém, o que se destaca é a 120 km/h o motor sussurrar a pouco menos de 2.000 rpm. Em uso fora de estrada o Renegade impressiona pela capacidade de vencer obstáculos sem ser desconfortável. Nos congestionamentos o rival HR-V tem a vantagem do freio de estacionamento elétrico de aplicação automática e liberação ao toque no acelerador, sempre muito conveniente.

Porta-malas do Renegade é limitado, apenas 260 litros, menor que alguns hatches compactos. No entanto perde por pouco para o EcoSport (com estepe fixado na tampa) e por muito para os 437 litros do HR-V. Entre estes três modelos o Jeep é o mais cotado para liderar, mas a Ford deve reagir e a Honda brigará para-choque a para-choque.

RODA VIVA

CONFORME comentado pela Coluna a consolidação mundial ainda não terminou. Uma possível fusão entre Peugeot Citroën e FCA (Fiat Chrysler Automobiles) era especulada há tempos. O presidente do grupo francês, o português Carlos Tavares, admitiu abertura a negociações logo que superar a fase atual de recuperação financeira.

RENAULT garante: Logan e Sandero continuarão a ser fabricados em São José dos Pinhais (PR). Parte da produção será transferida para a Argentina pela complicada situação cambial e econômica do país vizinho. A marca francesa (ainda) não confirma, mas se dá como certo o compacto de baixo custo, sucessor do Clio, na fábrica paranaense.

SPIN Activ surgiu de pesquisas sobre atratividade do estepe fixado na tampa traseira. Para evitar danos involuntários em outros veículos, em manobras de ré, o sensor de distância é de série. De fato, indispensável no uso cotidiano. Retrovisão fica algo prejudicada e o peso extra do robusto sistema de suporte exige muito do motor de 1,8 L/108 cv, em especial com câmbio automático.

CRISE econômica do País não desanimou a Rolls-Royce. Decidiu importar seu modelo mais em conta, o Ghost Series II. Há um interessado em pagar R$ 2,9 milhões. Subsidiária da BMW, a centenária marca inglesa oferece duas opções de entre-eixos (3,2 m e 3,46 m). Como cresce agora em todo o mundo, por que não aqui em longo prazo?

MAIS uma prova da descentralização no mercado brasileiro. Em 2004 São Paulo respondia por um terço dos veículos novos vendidos. Uma década depois, em 2014, o estado representou 26% do total. Tendência é cair para 25%, ou menos.

Fernando Calmon, engenheiro e jornalista especializado desde 1967, quando produziu e apresentou o programa Grand Prix, na TV Tupi (RJ e SP) até 1980. Foi diretor de redação da revista Auto Esporte (77/82 e 90/96), editor de Automóveis de O Cruzeiro (70/75) e Manchete (84/90). Produziu e apresentou o programa Primeira Fila (85/94) em cinco redes de TV. 

Sua coluna semanal sobre automóveis, Alta Roda, começou em 1999. É publicada em uma rede de mais de 100 jornais, revistas e sites. É correspondente para o Mercosul do site inglês just-auto. Além de palestrante, exerce consultoria em assuntos técnicos e de mercado na área automobilística e também em comunicação.

fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon

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